sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Tottenham e o sonho de ser grande


O Tottenham, que não conquista um título expressivo desde a década de 1980, pensa grande e quer voltar a conquistar glórias relevantes em breve. Para almejar tal feito, o clube teve que montar um elenco bem competitivo, com jogadores como o volante Gallas, o meia Aaron Lennon, o meia-atacante Rafael van der Vaart e o atacante Peter Crouch.

O planejamento econômico do Tottenham é de destaque na Europa nas últimas temporadas. O clube vem anunciando, seguidamente, recordes de lucro por uma série de fatores: venda de jogadores, patrocínios e carnês de ingressos para o White Hart Lane, além das cotas de TV.

Na temporada 2006-07, a equipe registrou lucro de 27,7 milhões de libras. No ano seguinte, cerca de 3 milhões de libras a mais. Já em 2008-09, o clube bateu mais um recorde de lucro: 33,4 milhões de libras. Quanto à receita pela venda de jogadores, o clube conseguiu 56,5 milhões de libras em 2008-09 – cerca de 16,4 milhões de libras acima da temproada anteriror – valor impulsionado pela venda de Berbatov (Manchester United) e Robbie Keane (Liverpool).

Já nesta temporada, o clube fechou um acordo bastante diferente para aumentar sua receita com patrocínio. Como disputa quatro competições na temporada (Campeonato Inglês, Liga dos Campeões, Copa da Liga e Copa da Inglaterra), os Spurs conseguiram um patrocinador para o Campeonato Inglês e outro para as restantes competições.

No Campeonato Inglês, a marca que aparece estampada na camisa dos Spurs é da Autonomy, empresa desenvolvedora de softwares, que paga 20 milhões de libras por um contrato de dois anos. Dependendo da colocação do Tottenham na tabela, o vínculo ainda prevê 5 milhões de libras adicionais.

Já nas outras competições, um acordo foi feito com o banco de investimentos Investec. A empresa paga cerca de 5 milhões de libras para estampar sua marca nos jogos de Liga dos Campeões e nas copas nacionais.

Além disso, os próprios torcedores do Tottenham ajudam o clube a ter uma maior receita. Além de receber uma boa cota de TV por ser uma equipe popular, os Spurs têm seu estádio como um trunfo também fora das quatro linhas. Isso porque os carnês de ingressos têm ótima venda e a fila para garantir um deles vai até 2013.

Assim, o clube já se dá ao luxo de pensar em grandes investimentos no futuro. Além da modernização do Centro de Treinamentos, o clube pretende assumir o Estádio Olímpico de Londres após a realização dos Jogos de 2012, em parceria com a empresa de entretenimento AEG.

Tal solidez financeira ainda permite ao clube a manutenção de seus jogadores, visando os títulos. Gareth Bale, grande nome do Tottenham no ano, já vem sendo assediado por gigantes europeus, mas o clube de Londres garante ter dinheiro o suficente para resistir às altas propostas e mantê-lo no White Hart Lane.

Por: Jorge Natan

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Uma Copa em curta-metragem

A Copa do Mundo para o Brasil foi relâmpago. Antes da partida contra a Holanda, era de comum acordo que o Mundial começaria na manhã desta sexta-feira, já que os adversários anteriores não ofereceram dificuldades. Mas ele terminou 90 minutos depois, como um curta-metragem que tem seu fim quando menos se espera.

E o diretor de tal curta foi genial e cruel, ao mesmo tempo. Aliás, seria mais cabível dizer os diretores: os tão citados 'deuses do futebol'. A genialidade vem de escrever um script que, por mais que tenha sido breve, conteve tudo aquilo que deveria conter. Nem Spielberg faria melhor (ou pior).

É incrível como a seleção brasileira conseguiu, em breves 90 minutos, variar como todas as equipes fazem ao longo de toda uma Copa; foi do céu ao inferno; da glória ao fracasso. Da comédia ao drama.

A genialidade do script veio desde o primeiro minuto, onde os 'diretores' surpreenderam os espectadores positivamente. O antes vilão Felipe Melo virou herói, gênio; quase virou deus ao lançar Robinho de forma que o atacante apenas precisasse de um toque para pôr o Brasil a frente no placar. E exaltou-se o heroi e seus coadjuvantes por 45 minutos.

Mas os 'diretores' pregariam uma peça àqueles que já esperavam o final feliz. Em nova surpresa viu-se todos os atores de azul se apagaram e esconderem, dar a cena aos protagonistas de laranja. O roteiro passou a ser cruel e maquiavélico. Quem imaginaria que a fortaleza Júlio César, porto seguro de Dunga e do povo brasileiro durante quatro anos, viria a falhar no clímax? Quem pensaria que, o minutos antes genial, Felipe Melo voltaria a ser alvo do ódio de uma nação?

E isso não era nada. A maior genialidade de tal curta-metragem vem do fato do script ter sido aquele que boa parte do público queria ver. E viu - alguns de forma triste e outros satisfeitos para se dizer entendidos; aqueles que gostam de adivinhar o já 'cantado' final de filme.

Esperava-se que Felipe Melo perdesse a cabeça e abandonasse o barco no momento da tempestade. Esperava-se que o contestado Dunga metesse os pés pelas mãos quando precisassem mexer na equipe para buscar o resultado. Esperava-se falta de jogadores que pudessem mudar uma partida. Esperava-se o fracasso. Se esperou e tudo aconteceu.

Estava escrito, como um roteiro. Foi curta-metragem que muitos queriam ver. E alguns até choraram no final.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Os 23 guerreiros


E é chegada a hora. Há 31 dias para a Copa do Mundo, Dunga anunciará nesta terça-feira a lista de 23 convocados para o Mundial da África. Muito se especula em torno da convocação de Neymar, Ganso, Ronaldinho Gaúcho e até Diego Tardelli. Entretanto, não acredito que haverá surpresas na convocação.

O único nome diferente que tem que e, tenho certeza, irá aparecer na lista do treinador mal-humorado é o de Paulo Henrique Ganso. E não me contradigo ao ter dito que não haverá surpresas. A convocação de Ganso não será surpresa para ninguém e, sim, uma obrigação daquele que ganha milhões para comandar a melhor seleção do mundo. Quando se tem um gênio à disposição, é preciso que ele esteja em atividade.

Na minha opinião, além do craque do Santos, deveriam estar presentes na lista outros nomes que não serão chamados. Destaco Ronaldinho Gaúcho e Diego Tardelli. Este último vive ótimo momento desde o começo do ano passado. Já são uma temporada e meia no auge e merece uma vaga na seleção. Abaixo, a lista de jogadores que eu levaria para a Copa e um breve comentário ao lado:

Goleiros:

Júlio César - incontestável
Gomes - vem pegando até pensamento n Tottenham
Victor - goleiro seguro e jovem. Merece a vaga

Zagueiros:

Lúcio - monstro na Inter de Milão
Juan - não vive momento tão bom, mas é o companheiro ideal para Lúcio
Thiago Silva- outro monstro. Aprendiz de Lúcio
Luisão - temporada sensacional no Benfica

Laterais:

Maicon - um dos melhores jogadores do mundo na última temporada
Daniel Alves - ótimo no Barcelona e fantástico na seleção
Gilberto - diante das dúvidas na lateral-esquerda, é a melhor opção para titular: experiência e qualidade juntas
Michel Bastos - além de viver ótimo momento, poderia ser uma opção para o meio-campo

Meias:

Elano - é a cara da seleção de Dunga. Contestado, mas veste a amarelinha e a honra
Gilberto Silva - experiência necessária para a ajuda à zaga na cabeça-de-área
Felipe Melo - apesar de fazer diversas besteira na Juventus, na seleção é um bom jogador
Ramires - volante com qualidades ofensivas de dar inveja a muito armador
Júlio Baptista - tem a força física como seu trunfo e já decidiu jogos pelo Brasil
Kaká - titular incontestável, apesar de viver mau momento no Real Madrid
Ronaldinho Gaúcho - um craque e vive bom momento. Como pode ser deixado de fora
Paulo Henrique Ganso - gênios merecem a seleção brasileira

Atacantes:

Luís Fabiano - o Fabuloso é o ícone desta seleção. Decisivo que só
Adriano - um dos mais contestados do grupo e talvez não mereça a vaga. Mas é um atacante sem igual no mundo. Força física, habilidade e qualidade no passe/chute. Tem que estar na Copa
Nilmar - teve a oportunidade e agarrou a vaga, mesmo no modesto Villareal
Diego Tardelli - uma temporada e meia no auge. Merece ir à Copa

Agora, a lista que acredito que será anunciada por Dunga:

Goleiros: Júlio César, Gomes e Victor

Zagueiros: Lúcio, Juan, Thiago Silva e Luisão

Laterais: Maicon, Daniel Alves, Gilberto e Marcelo

Meias: Elano, Gilberto Silva, Felipe Melo, Josué, Ramires, Júlio Baptista, Kaká e Paulo Henrique Ganso

Atacantes: Luís Fabiano, Adriano, Nilmar e Robinho

E que venha a África do Sul!

domingo, 2 de maio de 2010

Obrigado, Botafogo!

O meu primeiro agradecimento no ano de 2010 é ao Botafogo. Você deve se perguntar porque um flamenguista agradeceria ao Botafogo duas semanas depois de ser derrotado por ele na semifinal da Taça Rio. E é justamente por isso o agradecimento.

Não, não é pelo fato do Flamengo não ter que disputar dois jogos para decidir o Cariocão e focar na Libertadores. Longe disso. Agora falo como amante do futebol. Falo como um cara que só se emociona com os lances do esporte. E neste domingo me emocionei.

Graça à conquista antecipada do Botafogo, pude ter o tempo 'livre' para ver as duas partidas entre Santos e Santo André, que decidiram o Paulistão. Pude ver dois grandes times campo, disputando toda e cada bola, sem se negar a atacar ou qualquer coisa do tipo. Uma equipe mais badalada, a outra menos, mas ambas com muita qualidade. Qua-li-da-de, na essência da palavra.

Se a primeira partida já havia sido sensacional com uma virada do Santos, a segunda havia de ser ainda melhor. O gol relâmpago do Santo André, aos 30 segundos de jogo apimentou o que já era apimentado. Simplesmente o jogo ficou franco como as duas equipes gostavam de jogar: era quase um 0 a 0.

Depois, os ingredientes foram completando o jogão. Expulsões, gols, mais gols, mais expulsões. E, o principal, mais um capítulo da história do nascimento de uma maestro. Maestro mesmo, com personalidade o suficiente para não deixar o campo por saber que seria o único jogador com capacidade para fazer o adversário tremer: Paulo Henrique Ganso. Mas esse merece um post à parte.

O Santos perdeu, mas levou a taça. O Santo André ganhou o jogo, mas saiu como vice. Foi triste ver os jogadores do Ramalhão com lágrimas nos olhos depois de perder um gol no começo da etapa final e botar uma bola na trave aos 40 minutos - bola essa que só bateu na trave porque o 'Sobrenatural de Almeida' de que falava Nelson Rodrigues resolveu atuar a favor dos Meninos da Vila.

Mas o vencedor mesmo foi o futebol, o jogo bem jogado e quem pode presenciar a partida. E eu pude. Há muito tempo não me emocionava, talvez desde que Felipe Massa foi vice dentro do Brasil. E o Santos conseguiu. Que me desculpe meu time, mas valeu muito a pena ser eliminado precocemente do Carioca. Obrigado, Botafogo!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Alguém para arrumar a casa?


Para torcer pelo Flamengo tem que ser muito masoquista. Cheguei a essa conclusão hoje, em meio a uma das piores crises recentes na Gávea e entre os colegas de trabalho que divergiam de opinião. Tudo no Flamengo é superdimensionado. Não há paz no Mais Querido do Brasil. Simplesmente não há.

Se nada é suficiente para trazer alguns meses de calmaria, como um título brasileiro, o que leva alguém a torcer para um time que o deixa apreensivo constantemente? Paixão e mazoquismo, em grandes doses cada uma.

Depois dessa introdução, o que interessa. Patrícia Amorim tinha quatro opções nesta sexta-feira, depois que o clube conseguiu a tão fatídica classificação na Libertadores: demitir Andrade e Marcos Braz; demitir Andrade e manter Marcos Braz; demitir Marcos Braz e manter Andrade; ou demitir ninguém e manter todos. Ela escolheu a primeira opção.

Particularmente, eu preferia que ela tivesse escolhido a terceira. Marcos Braz era o câncer do futebol do Flamengo desde o começo do ano. Um dirigente que prefere lidar com questões internas indo à público (como no caso de Pet) e diz que fingiria uma lesão caso Adriano cheirasse cocaína, não pode ser comandante nem de time de botão.

Já Andrade estava meio perdido em meio às vaidades - deixadas ao léo por Marcos Braz - e não conseguia ter tranquilidade para trabalhar. O fato de ter levado o time ao Hexa pesava à seu favor e ele merecia um crédito. Ainda assim, sua demissão é compreensível e pode ser sinônimo de recomeço.

O problema é que a demissão de ambos deixou o grupo ainda mais fora de controle. Se os jogadores já vinham apresentando sinônimos de corpo mole e intrigas dentro do clube, hoje a bomba estorou. Braz e Andrade eram muito queridos no grupo, que lamentou profundamente a saída de ambos. Lamentou tanto, que se viu na Gávea uma cena digna de 'Super Nanny'.

Enquanto a PRESIDENTE do clube dava entrevista coletiva, os jogadores batucavam na sala ao lado, num sinal de protesto e, principalmente, birra pelas demissões. Se atletas profissionais, funcionários de um clube, tratam assim sua presidente, algo está muito errado. Na verdade, não é algo, é tudo. Tudo está errado na Gávea.

Talvez Patrícia Amorim tenha colocado a corda em seu pescoço no que diz respeito à futebol e apoio da Nação. Mas talvez tenha dado um grande passo ao alterar o ambiente podre em que o departamento de futebol estava mergulhado. Agora, o foco é contratar um treinador que dome o grupo e um gerente de futebol profissional, remunerado e sem vínculos políticos com o clube. Um manager, como Leonardo, atual treinador do Milan.

Mas, imediatamente, o que o Fla precisa é treinador. Alguém que possa comandar o grupo de forma plena já nesta quarta-feira, no jogo do ano, contra o Corinthians. Alguém que possa ter o grupo ao seu lado e uni-lo por um objetivo: a conquista da Libertadores. E parece que o único capaz de fazer isso agora é Joel Santana.

O papai Joel, algoz do Fla no Cariocão, é muito identificado com a torcida do Fla e com o atual elenco. Somente ele conteria os ânimos revoltados dos jogadores e os colocaria do seu lado. Hoje tive a honra de ser um dos poucos que conseguiram conversar com o Natalino e ele disse que sua prioridade era acertar a situação com o Botafogo e desconhecia o interesse do Fla.

Posteriormente, teria dito à Renato Maurício Prado que já pensa na Nação. Qualquer um pensaria. O problema é que Joel quer sair do Botafogo de portas abertas, uma situação um tanto quanto difícil de acontecer. Mas parece mesmo que ele está tentado em ir pra Gávea. Tentado em pagar a dívida que tem com a torcida desde 2008. Seria uma segunda chance, como voltar no tempo antes da noite de Cabañas, antes do vexame histórico.

Voltar ao passado para mudar o futuro. Um futuro que pode ser fantástico para o Flamengo. Ou de mais uma decepção. Por isso, todo flamenguista é masoquista.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Desonra ao mérito


Decepção. Essa tem sido a grande constante para os torcedores do Flamengo quando o assunto é Libertadores. Sempre que o Rubro-Negro se classifica para a competição sul-americana as esperanças se renovam, todos pensam que será diferente e o lema é o clássico 'Rumo a Toquio (Dubai)'. E sempre a equipe acaba jogando baldes de água fria sobre os torcedores.

Apesar do Flamengo ainda não estar eliminado da Libertadores, é preciso falar como se estivesse. Como disse anteriormente, um time que não consegue golear um fraco Caracas no Maracanã, não merece a classificação para as oitavas-de-final da maior competição do continente. Por isso, moralmente, a equipe do Flamengo sai derrotada da primeira fase do torneio.

Independente dos resultados desta quinta-feira serem favoráveis ao Fla, é necessário um recomeço de verdade na Gávea. No momento em que escrevo esse post, Andrade ainda não caiu, mas, segundo a Rádio Globo, cairá daqui a algumas horas. Na verdade, um novo comando técnico não é o tal recomeço; o recomeço precisa vir dos jogadores, aqueles que realmente fazem o resultado.

O jogo desta quarta-feira mostrou que alguns deles estão empenhados em fazê-lo. Maldonado deu um show na cabeça-de-área, roubando bolas com uma facilidade incrível, foi o monstro que era quando chegou ao clube. Juan está crescendo. Apesar de não ter tanta liberdade no ataque, mostrou raça na defesa e até motivou o time em alguns lances, coisa que não lhe é costumeira. E Petkovic conseguiu mostrar quem é com mais tempo em campo.

Por outro lado, Willians continua errando tudo o que tenta, não passando de um jogador dedicado, mas violento. Bruno não comprometeu, mas debochou da torcida que o chama de 'melhor do Brasil' sem qualquer mérito. E Adriano? O Imperador não passa de um atleta depressivo e acima do peso, sem condições de ser centroavante de qualquer equipe da série B. Ou muda, ou esquenta o banco. (Sonhar não custa nada).

E uma equipe que pode ter tantos problemas apontados, não merece estar na Copa Libertadores. Quem toma dois gols do time reserva do Caracas, não merece nada. Entretanto, a decepção não impede que nós, torcedores, pensemos com o coração. Agora é hora de rezar para o santo das causas impossíveis, o mesmo que é padroeiro do Mengão. Rezar para que a fatídica classificação venha através dos resultados desta quinta-feira. E, principalmente rezar para que os ares na Gávea mudem.

Se a vaga vier, será bem-vinda. E não duvido que o Fla consiga embalar na competição mesmo com a demissão de Andrade. Ano passado já contrariou todo e qualquer prognóstico ao ser campeão brasileiro fazendo tudo errado. Porque não aconteceria de novo? Está nas mãos de São Judas Tadeu.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O culpado é o Pet, é o Pet, é o Pet?


O post de abertura deste blog não poderia ter outro tema: Clube de Regatas do Flamengo. O Mais Querido do Brasil vem tomando os noticiários esportivos ultimamente e não tem sido pelo futebol jogado dentro das quatro linhas. E quando no mundo do esporte o que acontece nos bastidores passa a ser mais importante do que o espetáculo, algo está muito errado.

Não vou falar sobre as possíveis noitadas e bebedeiras de Adriano ou o envolvimento de Vagner Love com X ou Y. Na verdade, mesmo se tais polêmicas 'policiais' não existissem, a situação na Gávea estaria braba da mesma forma. Falo isso sem qualquer conhecimento interno da Gávea e apenas com aquilo que consigo perceber com os episódios que vêm à tona. O problema do Fla se divide em cada área de responsabilidade, começando pela diretoria.

O senhor Marcos Braz até que começou um trabalho razoável após a saída do polêmico Kléber Leite. Trouxe reforços que foram importantes no Brasileirão - como Maldonado e Álvaro - e conseguiu trazer o Hexa. Primeiro problema. A conquista subiu à cabeça do dirigente, que se achou o grande responsável por mudar uma história de 17 anos, embora soubesse que o título do Fla veio muito mais 'no peito e na raça' do que no planejamento - que na verdade foi zero.

Em seguida, o elenco. No grupo do Flamengo, há elementos desagregadores como o goleiro Bruno. Em sua posição de capitão, ele deveria manter uma postura de liderança e zelar pela união do grupo, e não pela 'queimação' de um atleta que não tem como ficar mais queimado entre os colegas: Petkovic.

Aliás, o sérvio vem sendo tomado para Cristo de uma forma inacreditável. Chegou no clube mal visto por conta da dívida que cobrava e por sua idade avançada. Na falta de opções no grupo e com a pressão da torcida, passou a entrar, ganhar espaço e decidir. Decidir mesmo, chamar a responsabilidade para si. E o Hexa veio.

Em 2010, já não era tão bem visto por ter passado o Natal em sua terra e por um problema com o tal Marcos Braz já citado. E tudo isso estorou publicamente: foi quando o caldo rubro-negro derramou. O sérvio passou a ser o grande problema do grupo e, ultimamente, é público que o elenco não quer sua renovação e sua permanência na Gávea. Nesse meio tempo surgiram Vinícius Pacheco e Michael. Empolgaram, mas não decidiram e nunca decidirão como o sérvio.

Por fim, Andrade. Ídolo do clube e efetivado no cargo de treinador por um choro sincero após virada histórica na Vila Belmiro, o ex-volante acaba se vendo numa situação inexplicável. Menos de cinco depois de ser campeão brasileiro é obrigado a vencer um fraco Caracas no Maracanã para não se ver fora do clube onde esteve por anos e anos nos bastidores.

O que há em comum entre essas três esferas de poder na Gávea? A relação com Petkovic. Marcos Braz tem um problema pessoal claro com o meia, Bruno não gosta de sua forma de ser (com direito a soco no peito em intervalo de jogo), assim como todo o grupo, e Andrade tem vontade de tê-lo em campo, mas é pressionado dentro do clube para o contrário. Resultado: o gringo entra aos 40 minutos do segundo tempo, não tem tempo para fazer nada e complica sua situação dentro e fora da Gávea.

Dizem que o fim do contrato de Pet seria a solução para o Flamengo, pois resolveria diferenças entre todas as esferas do poder. Entretanto, parece que, ao comprar a briga do sérvio, Andrade acabou queimando seu filme - situação que só poderia se reverter com um eventual título na Libertadores.

E é possível? Sim, tudo é possível para um clube do tamanho do Flamengo. Entretanto, é necessário que a tal 'mudança de postura' pedida pela presidente Patrícia Amorim venha imediatamente, em campo, nesta quarta-feira, contra o Caracas. O Flamengo pode até se classificar com um magro 1 a 0, mas, caso não consiga golear uma equipe fraca dentro do Maracanã, não merece passar de fase. E o futuro na competição e na temporada? O placar no Maracanã é quem dirá.